Uma Pedagogia Evolucionária – Aprendizado com o Cérebro Integral

o Cérebro Integral:
O Método I.am.I™ de Pintura Espontânea®

Susan Bello Ph.D, ATR

O Método I.am.I™ de Pintura Espontânea possibilita ao praticante expressar livremente o que está no seu inconsciente. Nossas Inteligências Autênticas Múltipla Inatas – Innate Authentic Multiple Intelligences – cuja sigla I.am.I™ significa Eu.sou.Eu, são canais que permitem o afluir desse conteúdo do inconsciente à mente consciente. As Inteligências Inatas incluem nossos modos de saber originais, de natureza emocional, criativa, intuitiva, imaginativa, espiritual, simbólica, visual e cinestésica.(1)

Os símbolos representam energia vital. Neles reside o Self (2) autêntico, potencial peculiar de cada pessoa. Existem em estado latente em nosso inconsciente e, durante o ato de pintura espontânea, expressam-se através dessas Inteligências Inatas. Ao pintar espontaneamente os símbolos na forma de imagens, as pessoas de todas as idades e culturas podem expandir seu Self autêntico.

O curso de Pintura Espontânea faz parte do currículo de Aprendizado com o Cérebro Integral (Whole Brain Learning), que usa a arte para educar a totalidade do Self – corpo, mente e coração. O curso desenvolve estados equilibrados de saúde psicológica que influenciam positivamente o desempenho acadêmico. A meu ver, é chegado o momento de destinar mais recursos específicos, com essa finalidade, para o setor educacional. Recursos que viabilizarão o desenvolvimento do Self autêntico no âmbito de cada indivíduo. O esforço poderá criar nova lideranças que priorizem valores mais elevados, como a paz global.

“Demos muito valor à ideia da arte como um espelho (refletindo os tempos); tivemos a arte como um martelo (protesto social); tivemos arte como elemento decorativo (algo para pendurar nas paredes). Talvez precisemos de outro tipo de arte, a esta altura de nossa evolução cultural; Arte como uma busca pelo Self.” (3)

Cada Indivíduo é um Fractal do Self Universal

Físicos modernos e filósofos sistêmicos como Ervin Laszlo, Amit Goswami, Fred Alan Wolf, Fritjof Capra e muitos outros têm escrito sobre uma “base (ground) interconectada de todos os seres”, uma energia que contém e expressa toda a existência, do nível microcelular às dimensões macrogaláticas. Esses cientistas e filósofos confirmam aquilo em que acreditavam antigos sábios: o universo é holográfico, o todo existe em todas as partes. O conceito de David Bohm (1980), de uma ordem implícita existente além do nível físico, sugere que o universo inteiro pode ser pensado como um tipo de holograma gigantesco e em fluxo, ou holomovimento, do qual somos parte integral. Mesmo durante a Idade Média os alquimistas reconheciam: “Assim na terra como no céu”.

A espiritualidade é um conceito antigo que se refere à existência de uma inteligência unificada, ou força vital, e considera tudo o que é vivo como uma expressão sagrada e uma manifestação dessa força vital. A física quântica e a ciência dos sistemas também descobriram que a natureza de toda a vida existente no universo compõe um sistema vivo completo e interligado, não sendo apenas um amontoado de partes desconectadas e separadas umas das outras. Cada ser humano é uma manifestação singular do Self Universal. O Self Universal é uma inteligência no universo que recebe muitos nomes: Mente Maior (Gregory Bateson), Ordem Implícita (David Bohm), Deus, Ser Supremo, Espírito, Inteligência Universal.

O campo inconsciente humano é uma extensão do Self Universal. No nosso inconsciente, possivelmente em nosso DNA, existe uma semente que contém nossos potenciais inatos, assim como o potencial de uma árvore existe na semente da árvore.

Se o Self Universal é uma consciência espiritual, então “tem propósito, é inteligente e amoroso em algum sentido profundo” e expressa-se em todos os seres vivos (4)<span “font-size:9.0pt;mso-bidi-font-size:11.0pt;=”” line-height:115%”=””><span “font-size:10.0pt;mso-bidi-font-size:=”” 11.0pt;line-height:115%”=””>

Muitos filósofos espirituais antigos e modernos acreditam que a intenção do Self Universal é ajudar todos os seres sencientes a evoluir no sentido de seu mais alto potencial e de sua natureza autêntica. Quanto mais os indivíduos escolhem se alinhar com seu Self autêntico e mais elevado, maior é a ressonância com o Self Universal.  Filosofias tribais nativas, voltadas para a eco-sustentabilidade, nos recordam que o coração do indivíduo e o universo pulsam numa ressonância harmoniosa.(5)

A Pintura Espontânea é mais do que uma técnica artística, uma ferramenta decorativa ou uma expressão da beleza. O fato de que o fazer arte seja um canal de expressão que tem estado conosco desde o início dos tempos, sugere que a arte pode ter uma função de sobrevivência que contribui para a evolução da consciência humana, e talvez não tenhamos nos dado conta disso.

A maior parte das pessoas não percebe que tem essa habilidade inata de pintar espontaneamente. Nascemos para ser criativos. É uma parte integral de quem somos. Uma sociedade em sintonia com isso dá um passo importante e necessário na nossa evolução como espécie.

Os Símbolos e nossas Inteligências Autênticas Múltiplas Inatas

Os símbolos contêm a energia da pura potencialidade. Quando uma pessoa tem a oportunidade de pintar espontaneamente, acessa essa energia e a expressa por meio de um impulso criativo que é a força manifestando uma nova vida.

Durante a Pintura Espontânea, os símbolos, ocultos no inconsciente, surgem espontaneamente na forma de imagens. Enquanto as pinceladas deslizam sobre o papel ou tela, o que emerge é guiado por um saber mais profundo, por nosso Self autêntico. O Self autêntico contém e expressa as habilidades únicas de cada indivíduo. É uma expressão da natureza essencial de toda vida humana.
O aprendizado de viver a partir dessa consciência, desenvolve-se à medida que descobrimos prazer em fazer aquilo que gostamos; aprendemos a cuidar de nós próprios, dos outros, nos expressamos a partir de nosso coração.

Enquanto algumas pessoas são excelentes ouvintes ou cuidadores, outras têm talento para a música, o atletismo ou cura, por exemplo. Nossos potenciais inatos se traduzem em aptidões para a arte, para lidar com números e detalhes ou para pensar globalmente e ver as inter-relações entre partes aparentemente desconexas.

Durante o ato da Pintura Espontânea, o impulso criativo desencadeia a energia latente contida nos símbolos e a canaliza através de nossas Inteligências Inatas: modos de saber de natureza emocional, criativa, imaginativa, intuitiva, simbólica, espiritual, visual e cinestésica. Essas Múltiplas Inteligências Autênticas Inatas – são condutores, ou canais de frequência que transmitem essa energia (símbolos) e a expressam sobre a tela em branco. Essas inteligências trazem o símbolo do mundo inconsciente, não material, para o mundo da forma.

Trabalhando em conjunto com o impulso criativo, os símbolos transmitem, por meio de imagens, cores e pinceladas, uma paleta de possibilidades inatas, intuições, imaginação e diversas expressões emocionais – desde as mais dolorosas até estados divinos de amor. À medida que esses estados mentais são desencadeados, durante uma série de pinturas espontâneas, inicia-se um processo. Nesse processo, o Self autêntico é conduzido à manifestação e evoluir para um estado de totalidade. Todos nós temos esse sistema de orientação interna dentro do inconsciente, e uma forma de ativá-lo é por meio da Pintura Espontânea.

Acima de tudo, estamos compreendendo que as artes encarnam a
criatividade de um povo livre. Quando o impulso criativo não
pode florescer, quando não está livre para selecionar seus
métodos e objetos, quando é privado de espontaneidade,
então a sociedade decepa a raiz da arte.    (John F. Kennedy)

O universo benevolente concedeu à humanidade dádivas inatas: a habilidade de pintar espontaneamente, a habilidade de expressar nosso inconsciente em imagens, o impulso criativo e nossas Múltiplas Inteligências Autênticas Inatas. Essas dádivas são nossos direitos, já nascemos com elas, nos possibilitando acessar nosso Self superior e autêntico.

Nossa identificação com o medo, a preocupação e o autojulgamento nos impede de reconhecer que somos seres divinos e que integramos um todo divino. Esses pensamentos, chamados Crencas Limitadoras Basicas (CLB)(6) amortecem nossa grandeza interior, impedindo-a de se manifestar em nossas vidas. Exemplos dessas crenças limitadoras são:  “Eu sou incapaz”, “é perigoso falar francamente”, “é mais seguro ficar calado”, “nunca serei amado(a)”.

De acordo com Deepak Chopra, a consciência é uma energia de pura potencialidade. Nossa consciência é influenciada por nossos pensamentos. Aquilo que acreditamos ser verdade determina nossa consciência.

Assim como a luz do sol é ocultada de nossa consciência durante a noite, o pensamento racional e as Crenças Limitadoras Básicas (Core Limiting Beliefs) bloqueiam a luz de nosso Self autêntico. À medida que nosso Self superior se desenvolve, experimentamos intensos sentimentos de unicidade e conexão com um poder maior no universo. O Self superior percebe com compaixão, confiança e amor, e não julga.

Dessa região recebemos nossas intenções e inspirações mais
elevadas – artísticas, filosóficas, científicas, éticas,
e anseios de realizar ações humanitárias e heróicas. É a fonte
dos sentimentos mais elevados como o amor altruísta,
genialidade e de estados de contemplação, iluminação e êxtase.
Nesse âmbito estão latentes as funções psíquicas mais elevadas
e as energias espirituais. (7)

Aprendizado com o Cérebro Integral (Whole Brain Learning) – Modelo Educacional Equilibrado

Susan Langer (Langer, 1957) afirma que, embora a linguagem seja o mais útil instrumento científico criado pelos humanos, a arte permite experiências que são inacessíveis à razão e à lógica, conectando-nos a substratos neurológicos que a mente ego-lógica não pode acessar diretamente, por meio do raciocínio dedutivo ou de palavras. O ego é a base psicológica que organiza e controla nossa identidade consciente. Ainda assim, a percepção “ego-lógica” captura apenas uma pequena dimensão da realidade, e representa apenas um dos tipos de inteligência.

A abordagem do Aprendizado com o Cérebro Integral reconhece que as instituições educacionais públicas e privadas contêm o “potencial” que devem ensinar a alunos, das mais diversas origens culturais e econômicas, desde o pré-escolar até a faculdade,  habilidades específicas para desenvolver seus estados mentais mais elevados. Ainda assim, essa porta de oportunidades encontra-se fechada porque a educação dos dias atuais focaliza quase exclusivamente o desenvolvimento da matemática, da ciência, do intelecto racional. Nossas Inteligências Inatas não têm sido consideradas tão importantes para a “modernização” quanto a matemática ou a ciência, a partir do século XVII, a Idade da Razão.
Uma professora de jardim de infância lamentou:
“Nós NÃO estamos propiciando hoje um ambiente de sala de aula onde os alunos sejam encorajados a se engajar em muitas formas de ver algo, incorporando a expressão das emoções, pensamentos e experiências junto com o conhecimento intelectual. À medida que cresce a quantidade de informação a ser absorvida, os alunos ficam totalmente esmagados e têm menos tempo livre para conhecer a si mesmos e menos tempo de recolhimento para criar a partir de dentro, refletir e explorar suas próprias idéias.”

Todos nós temos a capacidade de pintar espontaneamente e vivenciar estados alterados de consciência. Esses estados alterados de consciência são formas não lineares de saber, que não se baseiam no conhecimento linear racional, ego-lógico ou em percepções puramente sensoriais. Por exemplo, muitas vezes a pessoa que está pintando olha para seu trabalho de arte espontânea e não compreende o significado. No entanto, o aprendizado interno e a transformação estão ocorrendo em substratos mais profundos da mente, esteja ou não a pessoa intelectualmente consciente do significado da pintura.

O Aprendizado com o Cérebro Integral focaliza atividades que desenvolvem, tanto nossos processos mentais intelectuais, auditivos, quanto nossas Múltiplas Inteligências Autênticas Inatas. Esse Aprendizado estimula a cognição e a conduz a seu potencial máximo, encorajando um modelo de ensino e aprendizagem que equilibra o hemisfério direito (pensamento não linear), o sistema límbico (centro emocional), o hemisfério esquerdo (pensamento linear) e a área cortical do cérebro (o centro dos processos intelectuais mentais). Cursos como o Método de Pintura Espontânea estimulam a atividade hemisférica bilateral do cérebro. Também tornam mais fácil a integração do potencial inconsciente à consciência. Trabalhando em conjunto, essas duas formas de saber cooperam para que nossa vida criativa se manifeste.

Aristóteles acreditava que a existência (que considero a força vital criativa) atua para transformar seres materiais em totalidades. Nesse processo, cada indivíduo se tornará consciente de todas as suas potencialidades ao longo do tempo.

O Aprendizado com o Cérebro Integral reconhece que a saúde mental requer que todas as emoções sejam expressas. As emoções são uma expressão natural de quem somos. Na Pintura Espontânea, nós nos abrimos para o cerne de nossas emoções e as pintamos.  Não queremos fixá-las nem analisá-las, mas nos conectarmos plenamente com elas.
No cotidiano, não é fácil estar com uma emoção intensa e acompanhar sua intensidade, porque algumas podem ser esmagadoras. Para uma pessoa programada para viver com medo, sempre contido, antecipando que o pior ainda está por vir, pode ser difícil confiar, olhar seu medo nos olhos com um coração receptivo e permitir sua plena expressão criativa.

Frances Delahanty, Diretora do Peace Studies Program na Universidade Pace, em Pleasantville, escreveu:
“Gosto muito de pensar que o processo de Pintura Espontânea permite que as pessoas consigam expressar as raivas, os ódios e os sentimentos negativos a respeito do mundo estudantil, que são realmente partes delas mesmas que ainda não conseguiram aceitar. Ao acolher suas pinturas, estão re-aceitando essas partes perdidas de si mesmas. Assim, aceitar-se integralmente é a melhor estratégia de pacificação que eu posso imaginar. A maior parte dos “alvos” buscados por assassinos em massa são, provavelmente, partes deles mesmos que aprenderam a odiar.”

O que aconteceria se você se recusasse a sufocar suas emoções e, em vez disso, aceitasse todas elas como uma via de acesso a si mesmo? E se começasse a reconhecer que suas emoções lhe estão apontando necessidades íntimas, não atendidas, que realmente são importantes para você? Por exemplo, eu aprendi a reconhecer minha tristeza como a expressão de necessidades de amor e cuidado que não estão sendo atendidas. (Rosenberg, 2003)

Quando éramos crianças, aprendemos que as emoções “boas” são permitidas, e as “ruins” são inaceitáveis. Somos programados para julgar as emoções como boas ou más, em vez de vê-las como sinais indicativos daqueles sentimentos dentro de nós que estão ansiosos para ser ouvidos e compreendidos.

Se resistimos a uma emoção, ela continua a viver em nossa mente inconsciente. O acolhimento compassivo de todas as emoções produz a auto-aceitação. Essa é uma abordagem muito diferente daquela que as julga “ruins” e ainda nos critica por sentir isso. É essa luta contra os sentimentos que nos rouba a paz e perturba nosso bem-estar. Não a emoção propriamente dita, mas a luta contra ela. Psicologicamente, quando você aprende a reprimir seu Self autêntico e suas emoções, isso gera a semente da auto-violência. As prisões estão cheias de pessoas que não receberam uma “alfabetização” emocional. Não seria esta a hora de nossa cultura reconhecer que a arte produzida a partir de um impulso interior é uma abordagem preventiva a ser usada em benefício da saúde mental?

Infelizmente, fazemos investimentos gigantescos para desenvolver armas de destruição em massa, em comparação com o valor investido em programas que poderiam desenvolver uma cultura de paz. O paradigma educacional atual é uma violação dos direitos humanos porque ignora nossa natureza humana essencial. A tarefa mais atual e inovadora para um educador que adota a abordagem do Aprendizado com o Cérebro Integral é facilitar a liberação do potencial criativo dos indivíduos e de sua sutil sabedoria do coração, além de lhes ensinar matérias acadêmicas. Ao receberem esse apoio, as pessoas podem desenvolver seus recursos internos, encontrando suporte em si mesmas e acessando sua voz interior, em vez de procurar solução para sentimentos de vazio, confusão e dor, nos vícios e dependências.

Somos todos indivíduos potencialmente criativos que precisamos de oportunidades para desenvolver os talentos que nos são próprios e a totalidade do Self – corpo, mente e coração. É hora de treinar professores para ensinar as pessoas a atingir essa dimensão da consciência.

Os Cinco Estágios do Método de Pintura Espontânea

O ESTÁGIO UM introduz exercícios de pré-pintura e prepara os participantes para a experiência de pintar.* Neste estágio, os alunos aprendem a relaxar a mente crítica, ego-lógica, para depois pintar num estado de entrega ou de profundo envolvimento emocional. No estado de “entrega”, a cognição racional e as defesas do ego não mais predominam. No Método de Pintura Espontânea não existem instruções externas, e o ímpeto para criar vem puramente de dentro. Nós nos conectamos com nossa vida interior e expressamos todas as emoções. Não existem respostas emocionais certas ou erradas em uma experiência de pré-pintura.

Abrindo mão de todas as ideias pré-concebidas, de preocupação com resultados estéticos, e sem copiar a realidade externa, os participantes permitem a expressão criativa espontânea dos recursos internos desconhecidos, que se ocultam nas profundezas de seu ser. Nesse estado receptivo, a mente inconsciente está mais aberta para receber a energia simbólica.

*Estejam eles em instituições de ensino, centros de ensino para pessoas com necessidades especiais, programas de reforma de prisões, seminários de reabilitação de veteranos, retiros espirituais inter-religiosos ou em locais de trabalho.
A cada aula/sessão, a facilitadora apresenta um exercício diferente de pré-pintura e incorpora uma gama de práticas contemplativas: meditação, técnicas de respiração e relaxamento, imaginação dirigida e abordagens de movimento expressivo.

No ESTÁGIO DOIS a pintura é feita num ambiente silencioso e emocionalmente seguro. O único som é uma música suave ao fundo. Gradualmente, a consciência do pintor passa do estado familiar de “fazer” e pensar linearmente para um estado de ser. Nesse estado alterado de consciência, chamado estado de Fluxo (Csikszentmihalyi, 1990), os pensamentos tornam-se mais lentos e o pintor fica totalmente absorvido no ato de pintar. Três horas podem parecer dez minutos. Um pintor espontâneo relatou o seguinte:

“À medida que eu pintava, não tentava dar nenhum significado a esta pintura; eu simplesmente deixei que minha mão fosse na direção que ela quisesse… Ainda estou aprendendo a simplesmente sentir, em vez de pensar, enquanto estou pintando, mas sei que isso é algo que eu realmente nunca havia feito antes. O que eu quero fazer é pintar minhas emoções e parar de pensar.”

No estado de Fluxo, o participante é liberado do pensamento dualista.(8) O pintor experimenta um estado de amplitude, um estado alterado no qual já não operam as avaliações de bom ou ruim, certo ou errado, bonito ou feio.

Embora a maioria dos participantes que começa a utilizar o Método não tenha pintado desde a infância, sua habilidade inerente de se expressar livremente, pintando imagens, desenvolve-se rapidamente. Muitas pessoas descobrem que têm talentos artísticos ocultos do qual não tinham conhecimento, enquanto os artistas descobrem novos estilos de pintar.

No ESTÁGIO TRÊS, depois que terminam uma pintura, os participantes do grupo exploram o significado de suas imagens simbólicas através de escritos contemplativos. Nesse estágio, o potencial latente e as emoções contidas no símbolo e expressadas em imagens visuais, agora se traduzem numa linguagem verbal escrita. Eles perguntam à pintura que fizeram: “Quem é você?” “Tem uma mensagem para mim?” “Por que eu pintei você?” Eles escrevem na primeira pessoa e expressam a voz da imagem. Este poema é uma dessas respostas:

Fênix Rediviva

“Ressurjo do velho e nasço no novo
sobre as cinzas da minha antiga forma, inerte e inanimada;
– mais brilhante em minhas cores
– mais ardente em minha determinação
– mais apaixonada em minha amorosidade.
VIDA, com toda a sua carga de beleza, mistério e arrebatamento.
Celebro meu renascimento
aqui no deserto
e agradeço a toda a criação
que Novamente me trouxe à luz.”(9)

Esta aluna refletiu a respeito: “De que forma posso aprofundar uma conexão com minha imagem simbólica da ‘Fênix Rediviva’? Quais as Crenças Limitadoras Básicas que estão me impedindo de encorajar mais amplamente essa conexão em minha vida diária?”

As escritas criativas dos participantes frequentemente revelam novas direções de vida e novas respostas emocionais das quais os autores das pinturas não tinham consciência antes. Eles dão ouvidos às vozes de seus medos e anseios, bem como aos aspectos de sua vida interior que esperam reconhecimento.

Quando a linguagem visual simbólica é traduzida em palavras, é criada uma ponte entre o consciente e o inconsciente. A Pintura Espontânea proporciona ao Self autêntico atravessar essa ponte, saindo da sombra e do mistério do inconsciente para a luz e a consciência.

No ESTÁGIO QUATRO do Método, os participantes sentam-se em um círculo “seguro” e exploram juntos o significado de suas pinturas. Eles são orientados a desenvolver habilidades de escuta atenta e comunicação empática. Todos partilham, em pares ou no círculo, as reações emocionais às pinturas suas e dos outros. Eles discutem seus desafios. Também criam afirmações e intenções positivas baseadas em suas imagens simbólicas. Por exemplo: consideremos a afirmação ” A partir de hoje, encontrarei formas  de praticar rotinas de atenção e de carinho com respeito ao meu próprio corpo.” Eles repetem suas intenções várias vezes a fim de apoiar sua nova consciência. E se dão conta de que têm o poder de escolha.

Essa é uma experiência de intimidade em que necessidades internas, sentimentos ocultos, Crenças Limitadoras Básicas e imagens vivificantes de força interior podem ser compartilhadas dentro de uma comunidade empática nutritiva e apoiadora. Os pintores ouvem seus colegas e percebem que existem nuances de cinza entre os rígidos rótulos de preto ou branco, de certo ou errado. Aprendem que todos nós temos em comum emoções, sonhos e desejos de amor, segurança e respeito. A confiança e a abertura crescem como resultado dessas conversas empáticas e o grupo se torna uma comunidade atenciosa, de solidariedade. Eles observam como se desenvolve o processo de cada um, no grupo, pintura após pintura, em direção à sua própria integridade e autenticidade.
Ao longo dos últimos 25 anos, observei centenas de pessoas de diferentes culturas criando “uma série de pinturas espontâneas de grande riqueza emocional”. Tenho observado que, quando um aluno faz uma “série de pinturas espontâneas”, ocorre um processo de crescimento. Depois que os pintores descarregam seus medos, raivas e respostas emocionais associadas à tristeza e a outros sentimentos de terem sido feridos, eles dão plena expressão  à sua luz interna, potencial inato anteriormente ocultado.

Por exemplo, uma pessoa deprimida pode pintar sentimentos de tristeza e desesperança. Uma pessoa raivosa pode matar alguém na tela. Depois que essas emoções são descarregadas e ganham voz, novas respostas emocionais que elas encobriam são sentidas. A pessoa deprimida pode começar a pintar imagens simbólicas de luz, como um circulo dourado. A pessoa raivosa pode, subitamente, pintar um grande coração vermelho. A pessoa introvertida agora pinta em pinceladas fortes e decisivas e com cores vibrantes.

O inconsciente é o refúgio daquelas emoções dolorosas que o ego tem muita dificuldade de encarar, bem como a fonte de nossa inspiração criativa, de dons não expressados. . e de nosso sistema interno de orientação. Quando o ego pode aceitar com compaixão, todos os aspectos que o compõem, ele deixa de ser um juiz implacável e se torna um aliado. O Self autêntico aflora. Carl Jung, um psicólogo suíço e pai da psicologia profunda analítica, via essa contínua dialética entre o Self e o ego como um processo permanente que desenvolve, no mais alto grau, o potencial da personalidade e promove sua integridade.

“A riqueza da alma reside nas imagens.” (Carl Jung, The Red Book)

O Novo Núcleo representa um Movimento do Self emergindo

Certas imagens simbólicas expressam o movimento de avanço da vida do Self que está emergindo.(10) Essas imagens simbólicas  geradoras são chamadas de o Novo Núcleo. Elas representam o potencial energético latente que expressa do Self autêntico e Eu superior. O Novo Núcleo dá surgimento a novas respostas emocionais que estimulam novas reações químicas dentro do sistema biológico humano. Depois que essas imagens simbólicas aparecem, subitamente novas, ideias e comportamentos começam a direcionar a vida do pintor. À medida que novas respostas psico-emocionais se repetem ao longo do tempo, novos “padrões associativos de memória” (neuronets) ganham forma no sistema neurológico e substituem as Crenças Limitadoras Básicas habituais. Devido à plasticidade do cérebro e à sua permanente capacidade de aprender e adaptar-se, gradualmente os símbolos do Novo Núcleo transformam a identidade do Self da pessoa. À medida que o pintor aumenta sua identificação com as imagens de seu Novo Núcleo, o movimento de avanço da vida é guiado a partir de dentro. O Self autêntico emerge para criar novos padrões de pensamento e, consequentemente, novas escolhas emocionais de vida aparecem.

Esta pintora (texto abaixo), descreve o processo do seu Novo Núcleo aparecendo em sua série de pinturas e o efeito sobre sua consciência: “Eu segurava o pincel com a boca porque minhas mãos estão paralisadas. Também pinto com os pés. Quando eu tinha um ano e quatro meses de idade, tive poliomielite e fiquei com os membros paralisados. Durante muitos anos eu sobrevivi a inúmeros revezes. Vivia emocionalmente despedaçada, com auto-rejeições, falta de clareza quanto ao meu rumo na vida, falta de paz interior, desconforto emocional, desconforto físico, desconforto nas relações familiares, falta de uma vida social e ausência de emoções positivas em minha vida. Eu punha a culpa de tudo em minha deficiência física, em uma educação estigmatizada e rígida, e gradualmente comecei a perder minha identidade, a conexão com meu verdadeiro eu. Dor e isolamento eram constantes em minha vida.

No início de meu processo de pintura espontânea eu pintei imagens de autodestruição, como machados de muitos formatos e tamanhos. A isso seguiram-se imagens de balões flutuando no céu e imagens de água em movimento. Eu dei uma voz à imagem da água e escrevi: ‘Eu sou natureza, imagens, movimentos, os ciclos da vida. Eu sou a água, eu sou movimento, eu sou fluxo, eu sou o reflexo da luz, eu sou ondas, eu estou me erguendo e caindo. Obedeça à minha essência líquida e entregue-se a ela. Eu respeito meus limites e minhas fronteiras, e aprendo a fluir. Eu sou tranquilidade e turbulência. Eu sou sua graciosidade e sua falta de jeito’…”

Comecei a visualizar o movimento da água, trazendo-o para minha vida. Essa experiência de pintar deu-me a sensação de me entregar inteiramente aos ritmos da vida. Todas as coisas têm um senso de Unidade, e comecei a me sentir integrada a isso, como uma parte importante disso. E experimentei a sensação de pertencimento, de respeitar minhas fragilidades e potencialidades e de ouvir-me como uma parte da natureza. O caos e os mal-entendidos voltam junto com o medo. Percebo que não são causados por minhas limitações físicas.

Minhas pinturas começaram a ter um significado vivo. O ato de pintar tornou-se revitalizante. Comecei a perceber como minha raiva condicionada e minha auto-rejeição, por ser eu tão dependente de outras pessoas para as coisas mais básicas, como comer, foram gradualmente substituídas por uma atitude mais serena e equilibrada. À medida que mudava minha relação comigo mesma, comecei a atrair a gentileza e o afeto das pessoas. A Pintura Espontânea me fez compreender a rigidez de meus pensamentos e minha capacidade de modificá-los.”

À medida que os alunos avançam em seu processo, eles aprendem a se tornar mais conscientes das crenças que estão governando suas vidas. É por isso que a prática da meditação é tão importante. Eles desenvolvem uma percepção de observar seus pensamentos quando as Crenças Limitadoras Básicas estão operando em sua vida diária. Eles aprendem a observá-las imparcialmente com um olhar de aceitação e compaixão ao longo do tempo, essas crenças diminuem gradualmente. A Meditação nos ensina como focalizar nossa atenção e consciência e reconhecer esses pensamentos. Em vez de tomar como verdadeiras nossas Crenças Limitadoras Básicas, podemos parar de conceder a elas o poder de conduzir nossas vidas e substituí-las pela voz do Novo Núcleo. Assumirmos a responsabilidade de nos tornar co-criadores de nossa vida, em vez de vítimas passivas ou transgressores violentos.

Espontaneidade, Caos e Criação

Ervin Laszlo, filósofo da ciência dos sistemas, confirma que um sistema auto-organizante tem componentes que espontaneamente se reorganizam para criar algo novo, sem a influência de nenhuma força externa ou plano executivo. (Laszlo, 1996) “As explicações atuais dos sistemas auto-organizantes tendem a recorrer em medida expressiva à teoria do caos porque veem o processo de auto-organização como dinâmico e não-linear.” (Laszlo, 1996)

O caos é visto pela ciência dos sistemas como um processo natural da vida expandindo-se para um nível mais alto de organização. (Prigogine e Stengers, 1984; Laszlo, 1996) Tanto na arte quanto na ciência, a espontaneidade e o caos dão suporte ao surgimento da criação. Dentro desse processo auto-organizante, esses elementos orgânicos reconstrutivos compõem uma nova forma de potencial de vida:

Caos + espontaneidade + o impulso criativo + o fazer arte = a reorganização da força vital em novos patamares de consciência, o que significa, neste caso, o despertar do potencial autêntico de cada individuo.

A resposta inicial de um aluno a tal experiência foi:

“Eu nunca pintei antes, nunca me deram a oportunidade de criar o que eu queria. Sempre me diziam o que fazer. Então, a experiência de ser capaz de pensar livremente, e pintar diante da tela vazia e pintar o que quer que eu quisesse, é algo novo para mim.”

O pensamento não-linear aceita o desconhecido como um campo de possibilidades e as
contradições como aspectos de um processo auto-organizante. O processo criativo é paralelo ao processo das descobertas científicas sobre a natureza da mudança no universo. Novas ideias se desenvolvem a partir do caos e da ambiguidade em direção à maior clareza e, em última instância, à um novo momento de descoberta e Eureka.

A criatividade exige a habilidade de tolerar o estado de ambiguidade “eu não sei”, sem ter uma resposta clara no início da investigação. O modo predominante de pensar, na maior parte das culturas industriais, é racional + linear, seguindo o raciocínio dedutivo: se A, então B. A mente ego-lógica fica confortável com o testado e comprovado, e sente-se segura quando a direção ou a resposta é aparentemente clara. Muitos pensadores lineares sentem-se inicialmente desconfortáveis no modo não linear, no qual renunciam ao controle racional e passam a viver com a incerteza ou o caos.

No pensamento não linear, as rígidas estruturas do controle previsível se rompem. O aprendiz experimenta passar do mundo conhecido, observável, dos fatos conceituais para  a dimensão  da potencialidade desconhecida, terreno fértil para o desabrochar do novo e do processo criativo. A fim de que todas as nossas inteligências se desenvolvam, precisamos promover o equilíbrio entre a realidade consensual da existência cotidiana –   quando prestamos atenção a fatos, detalhes e lógica – e as oportunidades que encorajam nossa imaginação. Precisamos diminuir o controle intelectual e ser mais receptivos, nos sentir confortáveis no desconhecido. No processo criativo há períodos de incubação, onde as novas ideias amadurecem.

Os físicos têm estudado o universo em busca de resposta para a pergunta: “Como começa uma nova vida?” Mas será que procuraram uma resposta no universo interior e no campo inconsciente, tal como expressados através da Arte espontânea? Embora estejamos encontrando paralelos nos campos da ciência dos sistemas e da espiritualidade, ainda nos falta integrar os campos da física e da pintura espontânea. Talvez as pesquisas sobre a consciência venham descobrir que a energia potencial, alojada em imagens simbólicas, detém a resposta sobre a própria criação.(11)

“Tudo o que é possível vive na imaginação. É isso o que há de maravilhoso no poder da imaginação. Nossas mentes são infinitas em suas capacidades, e a imaginação não conhece limites.” (Einstein)

Conclusão

A meta do Aprendizado com o Cérebro Integral é encorajar uma nova perspectiva que inclua o Self autêntico e a mente ego-lógica.  Tendo lecionado Pintura Espontânea para grupos de adultos no Brasil e nos Estados Unidos, durante os últimos 25 anos, constatei que é um método eficaz, que pode ser replicado em diferentes culturas para desenvolver nossas Inteligências Inatas, nosso Self autêntico e nossos potenciais únicos. Em consequência de havermos priorizado a percepção ego-lógica, perdemos o acesso a uma forma inata e mais profunda de saber que é a fonte da inspiração criativa, da grandeza interior e do equilíbrio emocional.

O Método de Pintura Espontânea cria uma ponte entre nossa vida interior e a exterior, entre a mente inconsciente e a consciente. Ao se interligarem campos interdisciplinares como ciência dos sistemas, neurociência, educação, psicologia analítica e arte, é  criado um novo domínio que dá suporte ao Aprendizado com o Cérebro Integral.

Um currículo de Aprendizado com o Cérebro Integral pode incluir, além das matérias acadêmicas, diversas abordagens de aprendizado voltadas para o mundo interior, como:
a.    O Método de Pintura Espontânea
b.    Técnicas de Movimento, como T’ai Chi e yoga, de livre expressão, Biodança,
c.    Práticas contemplativas, como meditação, escrita criativa, construção da paz
d.    Habilidades de escuta empática, Comunicação Não Violenta
e.    Vivências na Natureza
f.    Cuidados para nutrir o Self
g.    Relações corretas com outros, a compreensão da diversidade cultural

A contribuição do Método de Pintura Espontânea em um currículo interdisciplinar de Aprendizado com o Cérebro Integral, pode desenvolver os seguintes estados mentais:
– Consciência de padrões habituais de pensar (Crenças Limitadoras Básicas)
– Padrões de pensar do Novo Núcleo (Neuronets) que inicialmente se expressam em imagens simbólicas.
– Confiança em nossos potenciais únicos, no Self autêntico,
– Desenvolvimento de nossas Múltiplas Inteligências Autênticas Inatas: emocional, criativa, intuitiva, imaginativa, espiritual, simbólica, visual e cinestésica.
– Integração do Self com o ego
– Habilidades de aprendizado para cultivar a paz interior, a autocompreensão e o autocuidado.

À medida que esses potenciais do Self são desenvolvidos, nossa espécie dá um salto quântico e evolui para o próximo nível de consciência. Como o atual sistema educacional dá prioridade à mente intelectual, os métodos para cultivar nossas Múltiplas Inteligências Autênticas Inatas – I.am.I™ e nosso Self autêntico e superior são vistos como supérfluos. O caos exterior e a destruição de valores humanistas que estamos assistindo são, em parte, a consequência de se privilegiar apenas um lado do cérebro. Será que uma sociedade que, repetidamente, se engaja em guerras e convulsões econômicas, que prioriza grandes decisões baseadas no saber intelectual e no lucro monetário e ignora nossas Múltiplas Inteligências Autenticas Inatas, poderia, em última instância, permanecer saudável e sobreviver? Somente desenvolvendo um equilíbrio entre o intelecto e o espiritual, podemos usar o conhecimento e as descobertas científicas para o benefício da humanidade, e não para sua destruição.

“Nunca poderemos alcançar a paz no mundo se negligenciarmos o mundo interior e não fizermos a paz com nós mesmos. A paz mundial precisa desenvolver-se a partir da paz interior.” Dalai Lama

No novo paradigma,(12) precisamos começar a buscar em nosso interior, as respostas a essas questões: Como posso contribuir para o todo maior, com o melhor de mim e com o que eu gosto de fazer? O que me traz a alegria e a curiosidade de saber mais sobre algo que me interessa? Como devo me tornar responsável por mim mesmo em iniciativas de cuidado e atenção pessoais? Como isso se traduz em relações corretas com outros seres no mundo?

Alunos de todas as idades precisam de currículos expandidos com facilitadores que os orientem nessa exploração de seus terrenos interiores. Ao educar grande número de pessoas para que acessem sua criatividade, seus potenciais inatos e que cuidem da sua ecologia interna, promovemos vidas mais significativas. Isso reforça o pensamento inovador, o bem-estar social e o despertar global.(13)

Minha intenção é que os formuladores das políticas educacionais possam introduzir uma nova pedagogia evolucionária de Aprendizado com o Cérebro Integral e incluam  o Método de Pintura Espontânea.

Notas
1. As Inteligências Autênticas Múltiplas Inatas – I.am.I. incluem as de natureza emocional, criativa, imaginativa, intuitiva, visual, cinestésica, espiritual, simbólica.

  • Emocional
    Damasio, A. 1994. Descartes’ Error. New York: Avon Books; Goleman, D.P. 1995. Emotional Intelligence: Why It Can Matter More Than IQ for Character, Health and Lifelong Achievement. New York: Bantam Books;  Mayer, J.D.,  Salovey, P. and Caruso, D.  2000. Models of Emotional Intelligence. In The Handbook of Intelligence, Ed. Sternberg,  R.J., New York: Cambridge University Press, 396-420.
  • Criativa
    Arieti, S. 1976. Creativity. New York: Basic Books; Csikszentmihaly, M. 1990. Flow. New York: Harper & Row; Guilford, J.P. 1967. The Nature of Human Intelligence. New York: McGrawHill; Mackinnon, D.W. 1978. In Search of Human Effectiveness: Identifying & Developing Creativity. Buffalo, New York: Bearly Limited; Sternberg, R.J.  and. Lubart, T.I. 1995.  Defying the Crowd: Cultivating creativity in a culture of conformity.  New York: Free Press; Torrance, E.P. 1963.  Guiding Creative Talent, Englewood Cliffs: Prentice Hall
  • Imaginativa
    Collier, G.1972.  Art and the Creative Consciousness. Englewood Cliffs: Prentice Hall; Gowan, J.C. 1975. Trance, Art, and Creativity. Buffalo: New York, Creative Education Foundation.
  • Intuitiva
    Gendlin, E.  1996. Focusing Oriented Psychotherapy. New York: Guilford Press; Naparstek, B. 1988. Your Sixth Sense: Unlocking the Powers of Your Intuition. New York: HarperSanFrancisco; Polyani, M. 1966. The Tacit Dimension. Garden City: Doubleday; Vaughan,F. 1979.  Awakening Intuition. New York: Doubleday.
  • Visual
    Arnheim,R. 1969. Toward a Psychology of Art. Berkeley: Univ. of Calif. Press; Berger, J.1972. Ways of Seeing. New York: Penguin Books; Eisner, E. 2002. The Arts and the Creation of Mind. New Haven:Yale Univ. Press.
  • Cinestésica
    Bainbridge Cohen, B. 1993.  Sensing, Feeling, and Action: The Experimental Anatomy of Body-Mind Centering. Northhampton: Contact Editions; Dychtwald,K. 1977. Bodymind. New York: J.P.Tarcher, Inc.; Gardner, H. 1983. Frames of Mind. New York: Basic Books; Markova, D. 1996. Exploring the 6 Patterns of Natural Intelligence. York Beach: Red Wheel/Weiser.
  • Espiritual
    Assagioli, R. 1965. Psychosynthesis. New York: Penguin Books; Fox, M. 2002. Creativity. New York: J.P. Tarcher, Inc.; Steiner,R. 1964. The Arts and Their Mission. New York: Anthroposophic Press; Zohar,D. 1991. The Quantum Self. New York: William Morrow/Quill.
  • Simbólica
    Assagioli,R. 1965. Psychosynthesis. York: Penguin Books; Jung,C.G. 1911-12/1952. The Collected Works of C.G.Jung, vol. 5, Symbols of Transformation. Ed. and trans. Adler, G. and Hull, R.F.C. Princeton: Princeton Univ. Press;  Progoff, I. 1963. The Symbolic & the Real. New York: McGraw-Hill.

2. O termo “Self” é usado com maiúscula quando se refere ao Self Superior, ao Self autêntico e ao Self Universal. Os termos Self e Self autêntico são intercambiáveis.
A palavra self em minúscula refere-se ao ego e a aspectos da identidade da personalidade, como a persona, os papéis sociais que uma pessoa apresenta ao mundo em resposta à socialização.
3. Gablick, S. 1991. The Reenchantment of Art. New York: Thames and Hudson.
4. Tart, C. 2009. The End of Materialism. New Harbinger Pub.: Noetic Books, 310.
5. Carl Jung descreveu o fenômeno da sincronicidade. Com frequência, parece que o Self Universal está colaborando de forma harmônica e nos fornecendo oportunidades significativas para nos alinharmos com nosso Self autêntico e superior. Por exemplo, pensamos num velho amigo de quem não ouvíamos falar havia muitos anos, com quem queríamos profundamente nos reconectar, e de repente ele liga para nós “sem mais nem menos”. Sabemos que estamos em um estado de ressonância quando essas experiências de sincronicidade acontecem repetidamente.
6. Crenças Limitadoras Básicas (CLB) são crenças profundamente enraizadas que se originam de experiências emocionais dolorosas, reações a traumas (abuso emocional ou físico), bem como de condicionamentos ancestrais. Esses pensamentos habituais refletem um déficit intrínseco no próprio cerne de nosso ser. Exemplo de CLB: “Eu não sou boa o bastante, meu trabalho não é bom o bastante, etc.”; “Nunca haverá o suficiente para mim, vou passar sem isso”; “Se eu protestar, algo terrível acontecerá”, “Não se pode confiar nas pessoas.”
7. Assagioli, R. 1965. Psychosynthesis. New York: Penguin Books
8. John Curtis Gowan, autor de Trance, Art and Creativity, pesquisou a influência da arte na produção de estados alterados de consciência. Ele acreditava que o fazer arte facilita o processo de desenvolvimento evolucionário individual, bem como o desenvolvimento evolucionário das espécies em direção a um maior contato e unidade com o numinoso e a mente inconsciente. (Gowan, 1975) Uma experiência numinosa é um estado de consciência que gera intensa excitação emocional relativa a uma realidade transpessoal. Em uma experiência numinosa, podemos perceber a unicidade subjacente a toda a existência, aquilo que outros chamam de uma Presença divina que transmite um amor incondicional. Isso gera sentimentos avassaladores de graça, reverência e êxtase.
9. Este poema foi escrito pela Professora Frances Delahanty, da Universidade Pace, Pleasantville, Departamento de Psicologia.
10. O trabalho de Carl Jung, um psiquiatra suíço e pai da psicologia analítica, representa uma tentativa pioneira de descobrir nossa auto-identidade. Isso ocorre quando resgatamos aspectos perdidos e negados de nós mesmos que nossa identidade egóica havia banido para o mundo inferior subterrâneo. Ele acreditava que, à medida que formos integrando aspectos de nosso Self inconsciente à nossa identidade do ego, isso expande nossa habilidade de nos tornarmos inteiros. Ele chamou de individuação a esse processo que dura toda uma vida e revela o impulso do Self de se desenvolver em direção à totalidade do ser total de cada um (Jacobi, 1967; Adler, 1961). Durante o processo de individuação, a consciência vai abandonando o estado de centramento no ego e passando para uma realidade mais consistente com a totalidade da personalidade – I.am.I.
11. Embora as pesquisas tenham confirmado que práticas de prece e meditação (Dossey, 1997; Kabat-Zinn, 2005) podem induzir estados alterados de consciência, bem como demonstrado os efeitos curativos da arte terapia para a saúde mental, praticamente nenhuma pesquisa tem sido financiada para apoiar o novo campo da Pintura Espontânea e sua relação com estados alterados de consciência. “Atualmente, nas áreas mais avançadas das ciências contemporâneas, as pesquisas sobre estados alterados de consciência vêm sendo aceitas como parte legítima da nova disciplina conhecida como ‘pesquisa da consciência’. Os cientistas sabem que tais estados podem ser induzidos não apenas pelas práticas clássicas xamânicas e de yoga e por drogas psicodélicas, mas mesmo por simples exercícios de respiração… Estados semelhantes ocorrem, é claro, na meditação e na concentração profunda, e também podem ocorrer espontaneamente – e às vezes independem totalmente da vontade da pessoa que está passando por eles.”11
12.  Kuhn, T. 1962. The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: University of Chicago Press. De acordo com Csikszentmihalyi, M. em Sternberg, R.1988. The Nature of Creativity: Contemporary Psychological Perspectives. Cambridge: Cambridge University Press. A criatividade confere uma variação a um domínio. Um domínio é um corpo organizado de conhecimentos dentro de determinada área. Um campo seleciona variações promissoras e as incorpora a um domínio para estabelecer novas fronteiras – como no caso de uma mudança de paradigma. O indivíduo toma algumas informações fornecidas pela cultura e as transforma, e se a mudança for considerada valiosa pela sociedade, será incluída no domínio.
13. O fato de que um grupo pequeno, mas significativo, possa influenciar toda a sociedade e mudar dramaticamente o comportamento é um fenômeno que tem sido examinado por diversos autores, como Malcom Gladwell em The Tipping Point, Watson Lyle com sua teoria do centésimo macaco e Rupert Sheldrake em seus escritos sobre ressonância mórfica.

Referências
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